terça-feira, 10 de setembro de 2013

Slingar e pedalar. Uma reflexão.

Minha querida amiga e jornalista Grace Barbosa em seu lindo site Maezíssima postou essa semana um texto que causa grande polêmica.
Como uma consultora de sling, decidi aqui colocar minha opinião.

imagem daqui
Começou quando a Elenice me convidou a dar uma oficina de sling para as mães, pais que quisessem pedalar com seus filhos.
Confesso: num primeiro momento meu pensamento - como motorista de um grande centro urbano que não quer aceitar a bicicleta como um meio de mobilidade e não só de passeio - foi com uma certa rejeição. Não ando de bicicleta, mas sempre usei sling.

Aí lembrei de um caso que aconteceu há muito tempo, quando uma aluna e amiga, Angélica, chegou em minha aula do Slingar, com seu bebê, João, na cadeirinha da bicicleta. Me pediu desculpas pelo atraso, e se justificou dizendo que foi aquela era a primeira vez que andava de bicicleta como João na bike, e ele, com seus 5 ou 6 meses, ainda não estava completamente fime para ficar na cadeirinha, e todo buraco que passava com a bicicleta, o João batia com a boquinha na parte da frente da cadeirinha. Aí ela demorou um tempão pra chegar na aula, pois teve que ir bem devagar por conta disso, cuidando para o João não se machucar. Ao sair da aula, a Anagélica me pediu para ajudá-la e ensiná-la a colocar o João no sling nas costas dela, assim se sentiria mais segura e confiante para pedalar com o filho até em casa. Um caminho relativamente curto, em pleno centro da cidade de Curitiba, mas pela ciclovia, desde a saída da aula até chegar em casa.

Aí começou a minha reflexão.

Por que o assunto causou tanta polêmica?

Em um dos comentários contra a prática de slingar e pedalar sobre o texto da jornalista Grace, surgiu uma questão de viabilidade, será que é viável?  Umas dizem que é uma prática completamente irresponsável e que isso nem é uma questão a ser discutida. Por quê? Outro comentário foi sobre a falta de respeito geral no transito e até mesmo nas ciclovias, então, por conta disso acredita que andar de bike com o bebê no sling não é seguro.

Por que nem as ciclovias são respeitadas? Será que o motorista de carro, onibus, taxi, ou sei lá mais o quê, prioriza de fato a fragilidade do corpo humano (independente do tipo, homem, mulher, bebê)? Colocamos um adesivo no carro "cuidado, bebê a bordo", por que não colocamos "cuidado, pessoa idosa a bordo". O cuidado deve ser exatamente igual.
Eu tenho total esclarecimento de que a BW Internacional não recomenda o uso o sling ao andar de bike. ok. Mas em quais condições?
E se você não tem carro e usa a bike como meio de transporte, precisa levar e buscar seu filho na creche, e ele é ainda um bebê e não fica sentado?  como VOCÊ estaria mais segura? ACHO QUE TUDO, como tudo na vida, É UMA QUESTÃO DE BOM SENSO. Obviamente que, ao querer mudar o olhar desta sociedade que "adora" o carro, eu não vou colocar a vida da minha filha em risco andando de bike no transito de uma via rápida às 18h num centro urbano como o de Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, ou qualquer lugar que seja. É óbvio! O que eu não acho óbvio é ficarmos calados e vivermos como marionetes de um sistema só porque alguém disse que não recomenda o uso do sling ao pedalar uma bike...

Então, por que ninguém discute isso com os bolivianos, peruanos, russos, europeus e pessoas de outras culturas, cidades e países que usam a bicicleta como meio de trasporte para qualquer coisa? Vá la dizer pra elas que isso não é seguro! Vá lá dizer pra elas comprarem uma cadeirinha para levar a criança, por que é mais seguro...
imagem daqui
Aí você vem me dizer "MAS veja bem... é outra cultura, é outra situação...". Pois é. É outra cultura. Mas a Associação Internacional de Babywearing não recomenda, em nenhum país. Como é que fica? por conta disso você, então, recrimina e é COMPLETAMENTE preconceituoso(a) com a prática de pedalar usando o sling.

Gente, é bom senso.

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